"O artista, um contemplativo que passa, atento somente, às manifestações de cor, de harmonia e de beleza, que escapam aos olhos dos outros."
Domingos Rebêlo, num artigo que escreveu sobre os seus tempos de estudante em Paris, in "Açoreano Oriental", 13 de Janeiro de 1946.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

pela costa sul poente da ilha de S. Miguel

neste domingo, 26 de julho, acordei cedo, muito cedo. e pus-me à estrada no meu anti-depressivo. são raras as minhas incursões pela costa sul/poente da minha bonita ilha. não sei o porquê dessa raridade, se calhar pelas estradas, não por terem piso mau, porque até é um piso aceitável, mas, possivelmente inconscientemente, por terem inúmeras curvas, o que torna a condução cansativa.  


a minha primeira paragem foi na freguesia da candelária. sentado no carro desenhei a sua fachada e alguma envolvente. a minha opção em pintá-lo foi de fazê-lo em casa. neste caso em casa da minha namorada e numa sombra super apetecível.



continuei o percurso, podia ter parado e fazer o caminho de regresso, mas o relógio não avançava. e só tinha outras coisas programadas para a tarde. então, a próxima paragem foi farol da ferraria. gosto desta fachada, mas a fachada virada a norte é bem mais bonita. todavia, não pelo trabalho que pudesse dar desenhá-la, resolvi tirar o banquinho de nylon da mala do carro e colocá-lo quase a meio da pastagem que faz a separação entre o mar e o farol. mas antes de tomar esta opção de me sentar no meio da pastagem, perguntei ao faroleiro se podia invadir o pasto. com a permissão concedida, lá fui. 
quando regressei o faroleiro mostrou interesse em ver o rabisco. e ao mostrá-lo disse-me:

- o senhor fez isso em 15 minutos?
- talvez 20.
- o senhor é um artista!
- eu não sou artista, sou um curioso.
- então é profissional!
- não sou. gosto deste passatempo, apenas isso.

despedi-me com amizade e de sorriso no rosto. continuei a pequena saga.


parei e estanquei o cansaço da viagem no miradouro do escalvado. uma vista maravilhosa sobre os ilhéus dos mosteiros e a sua vila. por lá cruzei-me com colegas de escola, colegas de trabalho, de quando trabalhei no serviços municipalizados de ponta delgada.e mais curioso, turistas que mostraram curiosidade no que estava a fazer. inclusive uma turista portuguesa, pediu para tirar fotografia. foi especifica ao dizer que não tirava ao rosto. outro turista, desta vez julgo que alemão, jovem, com mulher e 2 filhotes. da mesma forma quis fotografar. mas este sem referir nada, fotografou-me mesmo de frente. e eu disse em jeito de brincadeira:
- the interesting thing is behind you!

E é verdade. esta paisagem é linda!

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