"O artista, um contemplativo que passa, atento somente, às manifestações de cor, de harmonia e de beleza, que escapam aos olhos dos outros."
Domingos Rebêlo, num artigo que escreveu sobre os seus tempos de estudante em Paris, in "Açoreano Oriental", 13 de Janeiro de 1946.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Correio dos Açores - Edição de 21 de Janeiro de 2015


Ponta Delgada, 18 de Janeiro de 2015

A minha cidade já não está, desde 2008, de costas voltadas para o mar. Por gosto, ou por hábito, o meu olhar tem ido quase sempre para o interior. Mas neste domingo, virei-me para sul. Vi o imenso cinzento à minha frente. Um cinzento mesclado de negro, tal como interpreto o imponente investimento efetuado na realização desta obra que aqui represento neste rabisco. Imponente pelo tamanho, não tanto pela sua beleza. Imponente pelo valor gasto, que inicialmente teria um custo 44,5 milhões de euros e que terminou com 69,7 milhões de euros (valor final recolhido no relatório N.º 7/2011-FS/SRATC).

Carlos César, o então Presidente do Governo Regional do Açores, no dia da inauguração (5.Jul.2008), dizia: “as portas do mar são a grande transformação, para melhor, de Ponta Delgada, nas últimas e nas próximas décadas... Não são obras de exibição, não são obras de esbanjamento de dinheiro…” Pois, se não são obras de exibição, e eu até aí concordo (apenas por ser uma obra necessária), dizer que não são obras de esbanjamento de dinheiro, eu já não estou na mesma linha de pensamento. Fazendo uma simples conta do valor que seria e do valor que foi, se 25,2 milhões de euros não é um esbanjamento, então, o que é um esbanjamento? Terá valido a pena? Viremos ter retorno? Existem muitas dúvidas. E maiores dúvidas há quando analisamos o gasto dos dinheiros públicos.

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